domingo, 17 de abril de 2011

Arte do Blog


Jean-Michel Basquiat

Borges e Nicolau

Apesar de ser algo típico do fim do século XX e começo do XXI o fenômeno da celebridade instantânea foi profetizado por Andy Warhol na década de 1960, quando afirmou: "um dia, todos terão direito a 15 minutos de fama", ao comentar suas próprias obras.

Jean-Michel Basquiat (1960-1988) foi uma espécie de uma celebridade instantânea, ou melhor, super celebridade. Nos anos da década de 1980 saiu do anonimato e tornou-se uma unanimidade no mundo das artes plásticas.

Sua arte foi chamada de "primitivismo intelectualizado", uma tendência neo-expressionista que retrata personagens esqueléticos, rostos apavorados, rostos mascarados, carros, edifícios, policiais, ícones negros da música e do boxe, cenas da vida urbana, além de colagens, junto a pinceladas nervosas, rabiscos, escritas indecifráveis, sempre em cores fortes e em telas grandes. Quase sempre o elemento negro está retratado, em meio ao caos. Há também uma dessacralização de ícones da história da arte, como a sua Mona Lisa (acrílico e óleo sobre tela) que é uma figura monstruosa riscada no suporte. Mas além do que foi dito, é marcante a influência dos temas latino-americanos, a tela que ilustra este texto poderia ser confundida com a capa de um livro de cordel brasileiro.

Basquiat era filho de Gerard Jean-Baptiste Basquiat, ex-ministro do interior do Haiti que se tornou proprietário de grande escritório de contabilidade ao imigrar para os Estados Unidos e de Mathilde Andrada, de origem portorriquenha. Era o primeiro, dos três filhos do casal, de classe média alta.

Pintando graffitis e desenhando camisetas que vende nas ruas, Basquiat começa a aparecer num programa da TV a cabo e é convidado a participar do filme Downtown 81. O filme relata um dia na vida do jovem artista à procura da sobrevivência e mistura hip hop, new wave e graffiti, manifestações artísticas típicas do início da década de 80.

Começa a pintar telas que passam a ser adquiridas e comercializadas por marchands de Zurique, Nova York, Tóquio e Los Angeles, ávidos por novidades. De artista que vivia precariamente passa a ser um artista consumido e recebido nos salões mais chiques e exclusivos de Nova York.

O período mais criativo da curta vida e da carreira meteórica de Basquiat situa-se entre 1982-1985, e coincide com a amizade com Warhol, época em que faz colagens e quadros com mensagens escritas, que lembram o graffiti do início e que remetem às suas raízes africanas. É também o período em que começa a participar de grandes exposições.

A morte do amigo e protetor Andy Warhol, em 1987, deixa Basquiat abalado e debilitado e isso se reflete na sua criação. Os críticos, sempre muito exigentes, já não o tratam com unanimidade e Basquiat responde a essas cobranças, associando-a ao racismo arraigado da sociedade americana.

Solitário, exagera no consumo de drogas e em agosto de 1988 acontece a trágica morte por overdose de heroína, que põe fim à carreira brilhante do primeiro afro-americano a ter acesso à fechada cena das artes plásticas novaiorquinas e, a partir daí, presença nas mais importantes mostras do mundo, entre elas, uma sala especial, em 1996, na 23ª Bienal de São Paulo, e em 1998, uma retrospectiva na Pinacoteca do Estado de São Paulo.

As pinturas de Basquiat ainda são influência para vários artistas e costumam atingir preços altos em leilões de arte. (Com dados do Uol Educação)

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